quinta-feira, 30 de março de 2017

Lula é o político mais popular e aprovado do Brasil, diz Ipsos

Dos 20 políticos apresentados pela pesquisa Ipsos, divulgada nesta quinta-feira, o ex-presidente petista lidera com folga e tem 38% de aprovação
 30/03/2017 10h21 - atualizado às 10h38

Heinrich Aikawa/Instituto Lula

Lula lidera, mais uma vez, pesquisas de intenção de voto para 2018
Pesquisa nacional Ipsos, divulgada nesta quinta-feira (30) pelo jornal “O Estado de S. Paulo“, traz o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com maior índice de aprovação entre os entrevistados. Dos 20 políticos citados na pesquisa, Lula conta com 38% da aprovação.
Em apenas um mês, o ex-presidente cresceu 7% nas pesquisas. Já o presidente Michel Temer alcançou 78% de desaprovação. Para 90% dos entrevistados, o Brasil está no “caminho errado”. Temer só perde para os correligionários Renan Calheiros (PMDB), com 83% de desaprovação e Eduardo Cunha, com 87%.
A liderança de Lula em mais uma pesquisa mostra que as tentativas de minar a reputação e a história do ex-presidente são inócuas. Mais uma vez, ele lidera a intenção de votos comprovando sua popularidade. Já os protagonistas do impeachment de Dilma Rousseff seguem com índices elevados de reprovação.
Dos políticos mais citados nas delações premiadas da Lava Jato, o tucano Aécio Neves teve 72% de reprovação na pesquisa. Para outros membros do tucanato, os números também não foram favoráveis: Geraldo Alckmin e FHC empataram com 67% de desaprovação.

Ex-presidente é o preferido dos brasileiros

Líder em todos os cenários

Segundo a 133ª Pesquisa CNT/MDA, realizada de 8 a 11 de fevereiro de 2017 e divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), o ex-presidente Lula lidera em todos os cenários para a eleição presidencial de 2018.
No primeiro turno, Lula lidera nos três cenários pesquisados. No segundo turno, Lula bate o adversário em todos os cenários. Vence Aécio por 39,7% a 27,5%, Marina Silva por 38,9% a 27,4% e Temer por 42,9% a 19%.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do jornal “O Estado de S. Paulo
Da Fundação Perseu Abramo
por Ana Luíza Matos de Oliveira
Estudo do Depeartamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que por volta de 25% do emprego no Brasil provêm de atividades tipicamente terceirizantes. Na comparação entre setores contratantes e terceirizantes, ocorre que:
  • A taxa de rotatividade descontada é duas vezes maior nas atividades tipicamente terceirizadas (57,7%, contra 28,8% nas atividades tipicamente contratantes). Em 2014, os vínculos nas atividades tipicamente terceirizadas duravam, em média, 34,1 meses ou dois anos e dez meses, contra 70,3 meses ou cinco anos e dez meses nas atividades tipicamente contratantes. A rotatividade representa um custo de seleção e treinamento para os empregadores e, para os trabalhadores, a incerteza de encontrar um novo emprego num curto espaço de tempo e o risco de ter que aceitar menores salários e benefícios, além de ter impactos no cálculo da aposentadoria. Para o Estado, despesas com seguro-desemprego aumentam com alta rotatividade.
  • 85,9% dos vínculos nas atividades tipicamente terceirizadas tinham jornada contratada entre 41 e 44 horas semanais. Nos setores tipicamente contratantes, a proporção era de 61,6%
  • O percentual de afastamentos por acidentes de trabalho típicos nas atividades tipicamente terceirizadas é maior do que nas atividades tipicamente contratantes - 9,6% contra 6,1%.
  • Os salários nas atividades tipicamente terceirizadas eram, em média, 23,4% menor do que nas atividades tipicamente contratantes (R$ 2.011 contra R$ 2.639, como mostra gráfico abaixo). Entre os vínculos com nível médio completo e superior incompleto, que são a maioria no mercado de trabalho formal, a diferença salarial média acumulada chega a 11,1%. Ainda, quanto a sexo, homens empregados em atividades tipicamente terceirizadas concentram-se em estratos intermediários de remuneração e as mulheres nos estratos com menores rendimentos.
O levantamento é feito a partir de dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que classifica atividades econômicas cujas características se aproximam de “atividades-meio”, passíveis hoje de terceirização.
Segundo o Dieese, caso haja uma regulamentação irrestrita da terceirização, é provável que as diferenças identificadas se aprofundem, com aumento da precarização do trabalho e piora na própria distribuição de renda no país.

É preciso dizer mais alguma coisa?



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Muito além das empreiteiras


Jânio de Freitas
Folha de São Paulo



O avanço mais vistoso, nas ações anticorrupção no Rio, foi a prisão de cinco integrantes do Tribunal de Contas do Estado, mas a importância maior está em uma inovação até ali muito evitada.
Inspirações políticas concentraram a Lava Jato nas grandes empreiteiras, difundindo a ideia de que, combatida essa corrupção, emerge um novo Brasil. As ações no Rio vêm incluir em seus motivos a abordagem, embora limitada, das relações viciosas entre administração pública e os serviços privados de ônibus. As empreiteiras são apenas um verbete na corrupção enciclopédica que esvai não só os cofres federais e de estatais, mas também os de municípios e Estados.
A necessidade de investigação no sistema político-administrativo do Rio vinha de longe. Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, por exemplo, não existiriam sem colaborações ou associações obtidas na Assembleia Legislativa (Alerj) e no Tribunal de Contas (TCE).
O mesmo se passa em governos estaduais e municipais desonestos. Com muita facilidade, note-se, porque os órgãos de controle são das próprias administrações locais. E a vigilância da imprensa é mais do que relativa, dependente de condições políticas, quando não financeiras.
Um caso bom para ilustrar essa situação é o jatinho de Eduardo Campos, envolto em obscuridades na origem e no fim. Passados três anos do acidente, só agora –e parece mesmo que à revelia das "autoridades" no caso– são reconhecidas evidências de que as alegações de propriedade do avião não podiam ser verazes. E com isso, sem que fossem procurados, surgem indícios na Lava Jato de que as artes administrativas em Pernambuco teriam razoável semelhança com as de Cabral.
Quem prefira pode também meditar sobre outro caso ilustrativo: como compras de vagões e outros equipamentos paulistas puderam ser tão irregulares e, depois de denunciadas, tão isentas de investigação? Um governador, um prefeito ou um dirigente setorial não conseguiria fazer tudo isso sozinho, sem companhias decisivas.
Concessões, dispensas de impostos, autorizações, compras e contratações de serviços perfazem um universo de oportunidades que abrange todos os níveis de governo, em toda parte. Há quem possa sair ileso ou quase.
No Brasil, percebe-se que poucos. Para os outros, empreiteiras são apenas socialmente mais fáceis, pelos métodos habituais e pelo convívio nas altas rodas. Mas os demais componentes das oportunidades não mais angelicais, menos ativos, nem menos pródigos.
E dão menos na vista, sobretudo para quem finge não ver, por interesse político ou por aquele outro.

terça-feira, 28 de março de 2017

dos advogados do ex-presidente Lula
Na última sexta-feira, apresentamos ao Juízo da 13ª. Vara Federal de Curitiba, na condição de advogados do ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva, sólidos indícios da ocorrência de atos ilícitos em virtude da gravação da sua condução coercitiva no dia 04/03/2016 e, ainda, da disponibilização dessas gravações a terceiros, estranhos às investigações.
O delegado federal Igor Romário de Paula reconheceu, nesta data (27/03), ter havido gravações durante a execução da condução coercitiva de Lula, mas nega que tais imagens tenham sido cedidas a terceiros.
A existência das gravações, reconhecidas pela Polícia Federal, já é o suficiente, em princípio, para evidenciar que a decisão do Juízo foi desconsiderada, levando em conta a determinação de não haver gravação “em qualquer hipótese”.
Nossa manifestação também demonstra que houve ampla confissão (ainda que eventualmente involuntária) por parte de pessoas estranhas às investigações que tiveram acesso às gravações realizadas pela PF. Registrou-se que o jornalista Ulisses Campbell publicou o seguinte:
“VEJA teve acesso à íntegra da gravação, efetuada por meio de uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da PF que participou da ação”(edição 8/2/2017). Na mesma linha foram os registros de Gustavo Foster (Zero Hora), Marcelo Antunez (diretor do filme “A lei é para todos”), Tomislav Blazic (produtor do filme), Ary Fontoura (ator escalado para o filme) a diversas publicações.
Perguntado pela revista Veja o que tinha ido fazer na Polícia Federal de Curitiba o ator Ary Fontoura declarou: “Vim sentir o clima da Lava-Jato e assistir às gravações que a PF fez da condução coercitiva do Lula”.
A petição atual reitera os pedidos formulados anteriormente, para que os envolvidos se abstenham de qualquer divulgação das imagens gravadas, preservando o sigilo do material.
Reitera igualmente que seja apurada a prática de eventuais crimes decorrentes da violação de deveres funcionais pelos agentes públicos, que tinham o dever de preservar o sigilo do material e eventual participação de pessoas relacionadas ao filme, cujos investidores são mantidos em sigilo.
Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins

segunda-feira, 27 de março de 2017

Por Tereza Cruvinel
No Brasil 247
Há um sentido muito claro no fracasso das manifestações convocadas para este domingo, 25, por MBL, Vem Pra Rua e outros movimentos que fizeram grandes atos no ano passado a favor do impeachment: amplos setores da classe média desiludiram-se com o golpe que apoiaram e entenderam o sentido retrógrado do governo Temer.  Também da elite econômica vieram mensagens de decepção. Algumas foram expressas ao próprio Temer num encontro com representantes do PiB na noite de sexta-feira.
O comparecimento aos atos chamados pela direita variou de 200 a 300 pessoas nas principais capitais, inclusive no Rio e em São Paulo.  Embora isso não signifique que estes setores arrependidos estejam dispostos a  engrossar o “Fora Temer”,  a comparação do fracasso de hoje com o êxito dos protestos contra Temer e suas reformas, realizados no último dia 15,  por iniciativa das centrais sindicais e  movimentos sociais, aponta para um indiscutível mudança na conjuntura das ruas. Mais de um milhão de pessoas participaram dos atos em todo o país, indicando que a rejeição ao governo que resultou do golpe hoje predomina sobre a pauta difusa da direita: apoio às reformas, apoio Lava Jato, ao fim do foro especial,  contra o voto em lista e o financiamento público de campanhas e contra o estatuto do desarmamento.
A inflexão está em curso, no povo e na elite, embora isso não garanta uma saída política para a encalacrada brasileira. Acabou-se a ilusão com o golpe. Temer prometeu crescimento e veio mais recessão e desemprego. Prometeu o combate à corrupção e a cada dia mais um ministro de seu governo aparece nas delações.  A população já compreendeu que suas reformas são um esbulho dos direitos sociais e trabalhistas. O MBL e seus semelhantes não ousaram defender apoio ao governo, está claro, mas a defesa da Lava Jato também não se revelou mobilizadora. Os vazamentos, os abusos e mesmo a desastrosa Operação Carne Fraca (embora não integre a Lava Jato foi visto como parte do combate à corrupção) abalaram o antigo entusiasmo pela cruzada do juiz Sergio Moro, PF e MPF.  A população continua contra a corrupção mas parece cansada desta  crise política interminável. Kim Kataguiri amargou sua frustração culpando pelo fiasco um festival de música e um jogo de futebol na capital paulista. Mas o fracasso não foi só lá, foi em todo o Brasil.
Outras bandeiras propostas para os atos que fracassaram hoje também não despertaram interesse. Por exemplo, “contra o voto em lista fechada”. O grosso da população ainda não entendeu direito o que seria esta mudança na forma de votar. A esquerda, que sempre a defendeu, devia aproveitar o momento, explorar a contradição que leva os conservadores a aceitá-la e sair logo em sua defesa. Ainda que alguns corruptos estejam aceitando o voto em lista, que sempre combateram, apenas para tentar se reeleger, este sistema é mais construtivo para a democracia, num pais onde o dinheiro compra mandatos.
Também foi reveladora, neste domingo, a declaração do atual presidente da Andrade Gutierrez, Ricardo Sena. Depois de confessar que tinha uma “birra homérica” de Dilma, assim define sua relação com o governo  Temer “Sou da turma dos decepcionados”.  Hoje existem, portanto, os decepcionados da rua e os decepcionados da elite.  Em busca de socorro do grande empresariado, Temer reuniu-se com uma penca deles na sexta-feira à noite em São Paulo.  Ouviu críticas ao fato de não ter censurado a Polícia Federal e seu ministro da Justiça pelo desastre da Carne Fraca, ouviu reclamações quanto ao recuo na reforma previdenciária, da qual excluiu os funcionários estaduais e municipais,  ouviu cobranças sobre a conduta do BNDES e outros reclamos mais. O PIB também cansou e se decepcionou.
Mas nada disso nos garante, ainda, uma saída política. Se ela não aparecer, Temer vai até 2018, com um custo muito mais elevado para o país.  O assanhamento político do ministro Gilmar Mendes ascende em algumas imaginações a suspeita de que o TSE poderá acolher o parecer do relator Hermann Benjamin pela cassação da chapa Dilma/Temer. Vale dizer, pelo afastamento de Temer. Mas isso nos levaria à eleição indireta, quem sabe com Gilmar candidato, o que não seria uma saída, mas um procrastinação da crise.
A saída virá se os que não saíram às ruas hoje se juntarem com os que saíram no dia 15, produzindo um grande movimento pelas eleições diretas antecipadas. Quanto mais cedo, menor será o custo.

domingo, 26 de março de 2017

E se Gilmar Mendes estiver se capitalizando para ser candidato?


Jânio de Freitas
Folha de São Paulo

Tudo o que o ministro Gilmar Mendes tem defendido, na aceleração da sua atividade de político, corresponde aos interesses do grupo que tem dominado a política brasileira, liderado pelos expoentes do PMDB e seus seguidores em vários partidos. O repúdio ao recato próprio de um ministro do STF não se faria sem motivo. Qual poderia ser o de Gilmar?
Dois traços marcantes de sua personalidade explicam alguma coisa. Um, sua identificação com a direita, evidente desde que se aproximou da vida pública. Talvez bastasse dizer que teve a nada invejável função de assistente jurídico de Collor na Presidência. Mas Gilmar Mendes quis consolidar a primeira evidência com seu desempenho como advogado-geral da União no governo Fernando Henrique.
À época se disse que selecionado por Sérgio Motta entre os possíveis dispostos a fazer uma barragem contra incômodos ao governo, não há dúvida de Gilmar Mendes se saiu bem na missão. O outro traço marcante é a atração pelo poder.
São, porém, características que Gilmar poderia arrefecer, ao menos o suficiente para ter conduta adequada a juiz, a ministro do STF e a presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Não o fez. Muito ao contrário. A um só tempo crítico e colaborador de Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato, foi como ansioso militante que comprometeu o STF com o apoio ao vazamento ilegal de gravações ilegais, feito pelo juiz de Curitiba. Um vazamento a que não atacou "como crime", porque servia à sua e à causa da corrente conservadora no Congresso.
Com a mesma motivação, Gilmar Mendes reteve por ano e meio a proibição de doações "eleitorais" por empresas, na tentativa de impedi-la. Para encurtar: entre outros desempenhos, tem batalhado pela admissão do caixa 2, o "por fora" nas eleições; prega a anulação dos inquéritos e processos que tiveram vazamentos; apoia a anistia aos doadores e recebedores do "por fora"; e propagandeia a volta das doações "eleitorais" de empresas. Estranhas, a militância e as posições?
E se Gilmar estiver se capitalizando para ser visto, na contabilidade política do PMDB & sócios, como potencial candidato à Presidência? O PMDB controla o jogo político, por sua dimensão e por meios escusos, mas não tem como alcançar o poder de fato: em seus numerosos quadros não há quem mostre condições de disputa real da Presidência.
Um quarto de século de eleições diretas para presidente – e o gigante PMDB só na figuração. Seus sócios, atuais ou possíveis, não passam de reboques. Um candidato confundindo-se com o Supremo e oferecendo à direita um candidato sem as botas militares de Bolsonaro, pode imaginar-se como um presente para o PMDB, DEM, PP e cia. Gilmar tem feito a alegria de Renan Calheiros, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Michel Temer, e por aí. À toa, não

sábado, 25 de março de 2017

Por Matheus Pichonelli
 
No The Intercept
 
 
O SIGILO TELEFÔNICO do jornalista Eduardo Guimarães foi quebrado pela força-tarefa da Lava Jato para revelar a fonte que vazou a ele dados sigilosos sobre a ação da PF contra Lula, em março de 2016. Guimarães foi levado coercitivamente para depor na superintendência da Polícia Federal, na terça-feira (21). A revelação foi feita numa decisão do Moro em que levantou o sigilo sobre o caso.
 
A ação quebra o direito de sigilo de fonte, um direito garantido pela Constituição ao exercício do jornalismo. Moro argumentou que Guimarães não é jornalista para justificar a quebra de sigilo. Em sua decisão ele voltou atrás, porém, o direito de Guimarães já havia sido violado.
 
A ação é um típico ataque à liberdade de imprensa pelo Estado, e ações similares já tinham sido veementemente criticadas por jornalistas e ONGs como a Repórteres Sem Fronteiras.
 
De acordo com o inquérito, a que The Intercept Brasil teve acesso, a fonte soube antecipadamente da operação contra Lula por meio de uma servidora da Receita Federal. Para chegar até ela, os agentes listaram todas as pessoas que tiveram acesso à decisão judicial sigilosa que determinou a ação coercitiva contra Lula.
 
Para os agentes, a motivação do vazamento poderia ter residido em alguma espécie de simpatia ou alinhamento à posição ideológica do ex-presidente, “circunstância que faria um agente em posse de uma ordem que restringia, a partir de decisão judicial devidamente fundamentada, o direito ao sigilo bancário e fiscal de Luiz Inácio Lula da Silva, vir a torná-la pública, de maneira criminosa, com a intenção de que isso auxiliasse o investigado a se defender, ocultar e até mesmo destruir provas que pudessem lhe incriminar”.
 
Com base em tais premissas, os agentes chegaram até a auditora fiscal da Receita Federal Rosicler Veigel através de um fato sui generis: nas redes sociais, ela era seguidora do escritor Fernando Morais – segundo a ação, “jornalista e político, induscutível (sic) crítico deste Juízo e da OPERAÇÃO LAVAJATO e aliado ideologicamente a LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA”.
 
O inquérito incluiu, assim, postagens de Fernando Morais, parte delas crítica ao juiz Sérgio Moro – como, por exemplo, uma capa da revista CartaCapital – para embasar as suspeitas.
 
“Sem adentrar no mérito das convicções de FERNANDO GOMES DE MORAIS – afinal, isto, por si só, não guardou qualquer pertinência para esta investigação –, é notório que muitas de suas externalizações são feitas de maneira desrespeitosas para com as instituições e as autoridades públicas envolvidas na condução da assim denominada OPERAÇÃO LAVAJATO”, diz o inquérito.
 
Com a servidora na mira, a força-tarefa encontrou a ligação dela com a fonte de Guimarães alegada pelo inquérito, identificada como Francisco José de Abreu Duarte – cujas postagens e curtidas em publicações pró-PT foram consideradas relevantes para as investigações.
 
Os agentes concluíram que Abreu Duarte, em posse de informações sigilosas indevidamente violadas por Rosicler Veigel, “deliberadamente e com finalidade de embaraçar as investigações contra Lula, transmitiu o conteúdo da decisão”.
 
Para chegar a essa conclusão, porém, tiraram do blogueiro o direito ao sigilo de fonte, a base das contestações do mandado de busca, apreensão e ação coercitiva assinado por Sergio Moro, e cumprido pela PF na terça-feira (21), quase um ano após o vazamento dos dados da operação.
 
Após a polêmica, Moro assinou um despacho, nesta quinta-feira 23, dizendo não desconhecer que a profissão de jornalista possa ser exercida sem diploma de curso superior na área:
 
“Entretanto, o mero fato de alguém ser titular de um blog na internet não o transforma em jornalista automaticamente. No caso, a avaliação do conteúdo do blog, contendo inclusive propaganda político­-partidária, como banner para campanha do próprio titular do blog para vereador em São Paulo pelo PCdoB, levou à conclusão de que, como o conteúdo do blog não seria eminentemente jornalístico, então o investigado Carlos Eduardo Cairo Guimarães não exerceria a profissão de jornalista, utilizando o blog somente para permitir exercício de sua própria liberdade de expressão e veicular propaganda político partidária.”
 
Para Moro, embora a liberdade de expressão e as preferências partidárias devam ser respeitadas, elas não abrangem sigilo de fonte.
 
No despacho, Moro diz ainda que Guimarães, ao chegar à superintendência da PF, revelou de pronto o nome da fonte, conduta considerada por ele “distante ao profissional do jornalismo”. “Um verdadeiro jornalista não revelaria jamais sua fonte”, julgou.
 
Segundo Moro, entretanto, o objetivo da investigação não era propriamente o de identificar a fonte da informação do blog, “mas sim, principalmente, apurar se de fato o seu titular havia comunicado a decisão aos investigados previamente à própria divulgação no blog e a à diligência de busca e apreensão”.
 
Criticado por supostamente obrigar o blogueiro a revelar sua fonte, o magistrado disse não ter intenção de colocar em risco a liberdade e o sigilo de fonte. “É o caso de rever o posicionamento anterior e melhor delimitar o objeto do processo”, disse.
 
Determinou, assim, o prosseguimento da investigação em relação às condutas de violação do sigilo funcional pela funcionária pública – e, após todo o embaraço, mandou excluir do processo e do resultado das quebras de sigilo de dados, sigilo telemático e de busca e apreensão de Eduardo Guimarães, qualquer elemento probatório relativo à identificação da fonte da informação. “Caso demonstrado que também Francisco José de Abreu Duarte exercia a profissão de jornalista, estenderei tal exclusão a ele”, reiterou.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Wadih Damos sobre Moro: "Sempre um fora da lei".



Assessoria de Lula desmente Moro sobre informações de Guimarães a respeito da quebra de sigilo 

É falsa a notícia de que o blogueiro Eduardo Guimarães teria avisado a assessoria do ex-presidente Lula sobre a iminência de sua condução coercitiva e da execução de mandados de busca e apreensão, ocorridas em 4 de março de 2016. Estes episódios surpreenderam não apenas o ex-presidente, mas o Brasil e o mundo, por sua violência e ilegalidade.
As informações que Eduardo Guimarães publicou no Blog da Cidadania, em 26 de fevereiro de 2016, diziam respeito exclusivamente à quebra de sigilo fiscal e bancário do Instituto Lula, do ex-presidente, filhos, amigos e colaboradores, incluindo empresas destas pessoas.
“Sessão judiciária do Paraná. 13a Vara Federal de Curitiba. Pedido de quebra de sigilo de dados bancários, fiscais e/ou telefônicos. Requerente: Ministério Público Federal. Acusado: Luiz Inácio Lula da Silva e seguem-se mais ou menos 40 nomes. A partir daí o juiz [Moro] passa a detalhar o pedido. Vou agora ao deferimento, que é o que interessa. Defiro o requerido e decreto a quebra do sigilo bancário e fiscal de: (seguem 43 nomes)”
Foram exclusivamente estas as informações que Guimarães apresentou à assessoria do Instituto Lula. Ele procurou a assessoria para confirmar se os nomes listados eram realmente de pessoas próximas ao ex-presidente. Este procedimento é uma prática normal de repórteres e blogueiros. A assessoria do Instituto Lula recebeu e ainda recebe inúmeras solicitações de jornalistas tentando confirmar informações sobre supostas ações da Lava Jato em relação ao ex-presidente.
A coerção exercida contra o blogueiro Eduardo Guimarães esta semana revela um movimento para tentar imputar, mais uma vez, ao ex-presidente Lula, condutas que ele jamais teve. Revela também o desespero dos acusadores de Lula, que, após dois anos de investigações abusivas e até ilegais, não encontraram nenhuma prova contra ele e nem sequer um depoimento desabonador, depois que 73 testemunhas de defesa e acusação foram interrogadas pelo juiz Moro.

Em nome do país


Bernardo Mello Franco
Folha de São Paulo
Pedro Ladeira/Folhapress
Deputados da oposição com patos infláveis em protesto contra projeto de terceirização
Deputados da oposição com patos infláveis em protesto contra projeto de terceirização

BRASÍLIA - "É mais uma vitória no caminho do Brasil que queremos", comemorou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "É um avanço para o Brasil", endossou o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti.
Os empresários falaram em nome do país ao festejar a manchete dos jornais desta quinta (23): a Câmara liberou a terceirização irrestrita do trabalho. Faltou esclarecer se a notícia é mesmo boa para todos, ou apenas para os donos do dinheiro.
A Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho sustenta que a mudança não é nada patriótica: na prática, vai tirar direitos dos trabalhadores. Para a entidade, o objetivo do projeto é aumentar os lucros das empresas com a precarização dos vínculos dos funcionários.
Um estudo do Ipea revela que os terceirizados recebem 17% a menos no fim do mês. De acordo com o Dieese, eles sofrem cerca de 80% dos acidentes de trabalho e permanecem 2,6 anos a menos no emprego.
Numa estratégia negociada com o governo Temer, a Câmara desengavetou um projeto de 1998 para liberar a terceirização irrestrita. Com a manobra, o texto não precisará ser votado no Senado, onde haveria mais resistência à sua aprovação.
O texto foi encaminhado à sanção presidencial. No dia seguinte, as empresas estarão livres para demitir funcionários e obrigá-los a formar cooperativas ou a se "pejotizar" para continuar trabalhando.
Governo e empresários repetem que a mudança vai reduzir o desemprego. Falta explicar por que a taxa atingiu o menor nível histórico no fim de 2014, quando a legislação trabalhista era rigorosamente a mesma.
Os defensores do projeto também acenam com um salto social para os terceirizados. O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, descreveu um cenário em que "o operário vira empresário". Se os procuradores do Trabalho estiverem certos, o operário vai continuar operário. Só que com menos direitos. 


New York Times diz que o Brasil se tornará um país de pobres e miseráveis com Temer e PSDB


O jornal norte-americano The New York Times critica a “desigualdade” nas reformas fiscais em curso no Brasil. Em reportagem publicada na sexta-feira, 3, o jornal relata que, enquanto os trabalhadores terão benefícios cortados, juízes e políticos têm aumentos de salários e cita que o Congresso, “em vias de aprovar uma reforma previdenciária”, agora está permitindo que seus membros obtenham pensão vitalícia depois de apenas dois anos.

O texto lembra que Michel Temer defende o corte de gastos, mas não ajudou a sua popularidade realizar um “banquete pago com dinheiro de contribuintes” para persuadir os deputados a aprovarem suas reformas. Para o NYT, embora alguns sinais de recuperação econômica tenham surgido, a situação do povo nas ruas “conta uma história diferente”.
A partir do depoimento de personagens, o jornal afirma que o governo defende que todos precisam aderir ao programa de austeridade, mas sua postura indica que “a pressão é sobre os menos favorecidos”. Menciona que uma das principais “conquistas” do governo Temer – a aprovação de um teto para os gastos públicos – é também um dos seus calcanhares de Aquiles.
“O sistema tem tudo para aumentar a desigualdade, mas Temer está minimizando a ideia de que o Brasil precisa de uma reforma no estilo grego”, comenta Pedro Paulo Zahluth Bastos, economista da Unicamp. A falta de cobrança de impostos sobre os rendimentos de proprietários de ações também é citada como um dos pontos críticos.
A reportagem do correspondente Simon Romero também cita a situação financeira do Rio de Janeiro, que é vista como um “case” da seriedade do problema no Brasil. Em função do descontentamento da população, completa o jornal, políticos ultraconservadores como Jair Bolsonaro vem ganhando espaço no País.
Matéria New York Times.

do blog Contraponto

Derrota humilhante de Sérgio Moro é marco histórico

Escrito por , Postado em Bajonas TeixeiraLava-Jato
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Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
A derrota humilhante de Sérgio Moro na tentativa de enquadrar, nos parâmetros surreais da jurisprudência de Curitiba, o blogueiro Eduardo Guimarães, é um marco histórico nos três anos da Lava Jato. Até aqui a cumplicidade Mídia-Poder ditou de forma muito compacta, quase sem fraturas, o que deveria ser considerado verdadeiro, justo, legal e correto. Mas esse esquema acaba de sofrer um grande abalo.
A informação sobre o recuo de Moro está em reportagem do UOL agora à tarde:
“Em despacho divulgado nesta quinta-feira (23), o juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro, recuou e decidiu não investigar mais o blogueiro Eduardo Guimarães, que edita o Blog da Cidadania. Guimarães divulgou informações sobre a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março do ano passado.”
A forma de funcionamento da conexão Mídia-Poder (seja o poder judicial, o poder econômico ou o poder político),  é fácil de compreender. Basta lembrar a nomeação de Lula para o ministério da Casa Civil, para ter claro como funciona essa articulação de cumplicidades.  Nomeado Lula, os principais portais, com destaque para o G1 da Globo, estamparam as barbaridades ditas por FHC (“um analfabeto não pode comandar o estado”) e Gilmar Mendes (“Nomeação de Lula é uma barbárie, uma bizarrice, o momento mais caricato da história da nação”). O tom era sempre o mesmo: de incredulidade, escândalo, perplexidade.
Em todos os grandes portais, nos jornalões, nos blogs ligados à eles, repetia-se a mesma edição: fotos esdruxulas de Dilma ou Lula, escurecidas, soturnas, grande manchetes escandalizadas e enorme destaque aos críticos da nomeação. Foi o quanto bastou para dar caráter de “verdade”  e “legalidade” à exclusão de Lula do ministério. Sérgio Moro pôde, nesse clima, com toda tranquilidade liberar os áudios das conversas ilegalmente gravadas de Dilma e Lula. Foi o golpe de misericórdia na nomeação.
O recuo de Moro depois da condução coercitiva de Eduardo Guimarães e, o que é um indício bem significativo, depois de emitir nota batendo o pé na desqualificação do blogueiro como jornalista, revela o calcanhar de Aquiles do verdugo de Curitiba. Esse calcanhar foi posto com a ação de denúncia iniciada no coração da blogosfera, imediatamente após a condução coercitiva, e expandida por inúmeros outros canais, inclusive importantes organizações, e por associações de jornalistas.
O Cafezinho postou, após uma chamada de urgência do seu Editor-Chefe, Miguel do Rosário, na manhã do dia 21, que teve 24 mil compartilhamentos (Lava Jato sequestra blogueiro Eduardo Guimarães), 17 artigos de denúncia, fez uma edição do programa Cafeína dedicado ao tema, além de produzir e compartilhar diversas outras postagens na sua página do Facebook.
A mesma pressão se viu nos Jornalistas Livres, na Mídia Ninja, no DCM, no ConversaAfiada, no GGN, no Tijolaço, e em quase toda a blogosfera. O resultado foi introduzir uma fenda na sólida e compacta ligação de Mídia e Poder Judiciário.
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), instituição controlada atualmente pela Globo, se viu forçada a denunciar o atentado contra a liberdade de imprensa. Chegando a esse ponto, Moro teve quer reconhecer que estava sozinho. A articulação de Mídia-Poder havia sido rompida. Não teve saída senão recuar vergonhosamente, o que equivaleu a uma confissão silenciosa da sua atuação ilegal contra a Constituição e os direitos fundamentais.
Mas o encanto se quebrou apenas momentaneamente. Moro foi transitoriamente despido das suas vestes dissimuladoras e suas ilegalidades ficaram expostas do modo mais patente. Contudo, é certo, que as íntimas ligações de mídia golpista e poder se refarão sem dificuldades, uma vez que são vitais para os dois lados. Contudo, essa foi uma bela lição do que pode a mídia alternativa sempre que atue conjuntamente, com um objetivo claro e de forma intensa.