sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Hoje, às 14h, realizará coletiva de imprensa, para se manifestar sobre a crise institucional que se instalou por conta da possível nomeação da candidata derrotada nas eleições para a presidência da Fiocruz.
Estarão presentes o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e diretores de unidades técnico-científicas da fundação.
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Respeite a Democracia na Fiocruz
 por Ana Maria Costa, especial para o Viomundo
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição que nos orgulha pela excelência de trabalho nos campos da pesquisa, ensino e tecnologia em saúde.
Há 25 anos a Fiocruz elege seus dirigentes e com isso confere legitimidade e sintonia a um projeto que engrandece e ajuda na soberania do Brasil.
Neste 30 de dezembro de 2016, amanhecemos com a amarga notícia de que o governo ilegítimo, usurpador, golpista, irá nomear a candidata derrotada à presidência da Fiocruz.
Demonstração inequívoca de que o golpe de 2016 à nossa democracia chegou agora à Fiocruz.
Há dois meses, Nísia Trindade foi eleita para presidir a instituição.
Hoje, soubemos que o cargo democraticamente conquistado por Nísia será ocupado pela candidata derrotada no processo eleitoral.
Não acreditamos que uma pesquisadora e acadêmica do porte de Tania tenha se aliado aos golpistas.
Ainda esperamos que, de forma digna e democrática, Tania decline desta designação.
Lamentavelmente, a informação que circula no meio é de que a derrotada trabalhou bastante por essa nomeação, mesmo contra a vontade da maioria dos eleitores.
Só um posicionamento ético, comprometido e democrático de Tania Araújo Jorge poderá desfazer esta nefasta apreciação da comunidade da Fiocruz.
Mas, afinal, o que pode estar em jogo além do profundo desrespeito à democracia ao processo interno da Fiocruz, que é um golpe contra a instituição?
De um lado, o precedente criado por essa arbitrariedade praticada contra a Fiocruz fere a   autonomia universitária conquistada por nossas instituições de ensino e pesquisa .
De outro lado, e não menos importante, os possíveis acordos quanto ao próprio papel almejado para a Fiocruz no bojo da política setorial pretendida pelo atual governo.
A Fiocruz tem tido um papel estratégico na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tanto como formadora de recursos humanos como na produção de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Por conta disso, o Brasil tem suficiência de insumos estratégicos em saúde, condição essencial para a soberania e sobrevivência do projeto universalista constitucional definido para a saúde.
Mas as evidências recentes demonstradas no discurso e nas práticas do atual governo não convergem para a consolidação do SUS como sistema universal, integral e de qualidade.
O dramático momento vivido pelo projeto político desenhado para o país expõe a vulnerabilidade  dos princípios do SUS.
Nesse cenário já se falou que a Fiocruz deve voltar-se para o mercado, abandonando sua vocação de produtora de serviços e insumos para o setor publico da saúde.
Difícil acreditar que alguém que fez carreira na instituição, como é o caso de Tania, possa concordar  com o projeto do governo de subverter a missão da Fiocruz  diante da sociedade nacional.
Apenas alguém legitimamente eleito poderia estabelecer um contraponto que mantenha e fortaleça sua vocação institucional.
Adotar a contramão da tradição democrática da Fiocruz construída desde a redemocratização do país desmonta a fortaleza que conduziu a Fiocruz a se tornar o que é hoje: uma instituição virtuosamente nacional e comprometida com a ciência, tecnologia e a saúde pública.
Um orgulho nacional.
Não sobram dúvidas de que estamos diante da ruptura de todas as nossas instituições democráticas. A caixa de Pandora está dilacerada e o País mergulha em incertezas  e obscuridade.
Ana Maria Costa é diretora do Cebes e professora de Medicina da ESCS/DF (Escola Superior de Ciências da Saúde,do Distrito Federal). 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Gregório Duvivier fala do governo Temer
 

Os Estados Unidos prepararam os golpistas

Emir Sader
Os EUA prepararam os golpistas de 1964 desde a ida das tropas brasileiras à Italia, no final da Segunda Guerra Mundial. Castelo e Branco e Golbery  foram encarregados de fundar a Escola Superior de Guerra que, com a Escola das Américas, no Panamá, formaram a alta oficialidade das FFAA brasileiras na Doutrina de Segurança Nacional – e nos métodos de tortura –, que deram as diretrizes que desembocaram no golpe de 1964 e na ditadura militar que comandou o pais durante 21 anos.
Foi a mentalidade que militarizou o Estado brasileiro, fazendo do SNI o seu eixo, para controlar e reprimir tudo o que lhes aparecesse como sintoma de conflito, de contradição, de divergência, que se enfrentasse à visão totalitária de que quem se opusesse ao Estado militar seria agente subversivo e deveria ser extirpado.
Na pós-guerra fria, com o fim do campo socialista e da URSS, os EUA buscaram seu novo inimigo, figura essencial para canalizar os males do pais em algum inimigo externo. O narcotráfico, o terrorismo, passaram a desempenhar esse papel de exorcismo para os EUA.
Como parte da luta contra o terrorismo, com toda a abrangência que George W. Bush passou a dar ao tema – que fez com que até a Tríplice Fronteira fosse incluída na lista de organizações terroristas -, desenvolveu-se um campo de atividade chamado de “contraterrorismo”, como parte da função de “policia do mundo” que os EUA assumiram quando passaram a ser a única super potência
A lavagem de dinheiro passou a fazer parte dessa ação, na suposta crença de que o terrorismo lavasse os seus recursos. Passou-se à “investigação e punição nos casos de lavagem de dinheiro, incluindo a cooperação formal e informal entre os países, confisco de bens, métodos para extrair provas, negociação de delações , uso de exame como ferramenta , e sugestões de como lidar com Organizações Não Governamentais (ONGs) suspeitas de seres usadas para financiamento ilícito”.
No seminário “Projeto Pontes: construindo pontes para a aplicação no Brasil” , - cujo teor foi revelado pelo Wikileaks, - realizado em outubro de 2009, realizado em pleno Rio de Janeiro, com a presença de autoridades norte-americanas, de formação do novo pessoal a serviço do Império, para consolidar treinamento bilateral de aplicação e habilidades praticas de contraterrorismo. Participavam no treinamento promotores e juízes federais de 26 estados brasileiros, além de 50 policiais federais de todos os estados entre outros, na maior delegação de países, que contava também com representantes do Mexico, da Costa Rica, da Argentina, do Panamá, do Uruguai e do Paraguai.
No meio dos trabalhos, intervém Sergio Moro, que fala sobre os  “cinco pontos mais comuns acerca da lavagem de dinheiro no Brasil”. “Os participantes requisitaram treinamento adicional, sobre a coleta de evidenciais, entrevista e interrogatório, habilidades usadas nos tribunais”.  Esse interesse se daria porque “a democracia brasileira não alcança 20 anos de idade. Assim os juízes federais, promotores e advogados brasileiros são iniciantes no processo democrático, não foram treinados em como lidar com longos processos judiciais (...) e se encontram incapazes de utilizar eficazmente o novo código criminal que foi alterado completamente”.   
O informe pede, nos resultados da reunião, que se ministrem cursos mais aprofundados em Sao Paulo, Curitiba e Campo Grande. O relatório conclui que “o setor judiciário brasileiro claramente está muito interessado na luta contra o terrorismo, mas precisa de ferramentas e treinamento para empenhar forcas eficazmente. (...) Promotores e juízes especializados conduziram no Brasil os casos mais significativos envolvendo corrupção de indivíduos de alto escalão”. 
O surgimento de governos que contrariam as orientações dos EUA foi a oportunidade para adaptar essas orientações a projetos de desestabilização desses governos, apoiado em ações que se concentrem na denúncia de supostas irregularidades cometidas por esses governos, pelos partidos que os apoiam e por seus lideres. A contribuição de Moro foi a de usar os métodos que aprenderam com os norte-americanos – que incluíam ja o uso das delações, entre outros métodos – para destruir a democracia, reconstruída depois do esgotamento das ditaduras militares, instaladas pela geração anterior de golpistas formados pelos EUA.
Os dados revelados pelo Wikileaks, a começar por essa reunião de 2009, devem ser investigados pelo Congresso brasileiro, como a mais escandalosa intervenção nos assuntos internos do pais, violando sua soberania, com a participação de membros do Judiciário e da Polícia Federal. Como preparação, pelos EUA, da nova violação da democracia brasileira, valendo-se dos seus agentes internos.
A Engenharia Brasileira está morta.
Será cremada no altar da Jurisprudência da Destruição, do entreguismo e da ortodoxia econômica.
Suas cinzas serão sepultadas em hora e local a serem anunciados no decorrer deste ano de 2017.
Em qualquer país minimamente avançado, a engenharia é protegida e reverenciada como o outro nome do poder, da prosperidade e do desenvolvimento.
Não há países que tenham chegado a algum lugar sem apoiar soberana e decisivamente sua engenharia.
Assim como não existem nações que tenham crescido econômica e geopoliticamente sabotando, inviabilizando, destruindo, execrando, ensinando seu povo a desprezar, odiar e demonizar essa área, seus técnicos, trabalhadores, suas empresas, projetos, líderes e empresários, como o Brasil está fazendo agora.
Sem engenharia, os soviéticos não teriam derrotado a Alemanha nazista, com suas armadilhas para Panzers e seus portentosos tanques T-34.
Nem enviado o primeiro satélite artificial, o Sputnik, para a órbita terrestre, nem feito de Yuri Gagarin o primeiro homem a viajar pelo espaço.
Sem engenharia, os Estados Unidos não teriam construído suas pontes e arranha-céus, monumentos inseparáveis da mística do american way of life no século 20.
Nem produzido a primeira bomba atômica, ou chegado à lua em menos de 10 anos, a partir do desafio estabelecido pelo presidente John Kennedy em 1961.
Desde a consolidação do Império Britânico, ela mesma filha direta, dileta, da Revolução Industrial inglesa; desde a substituição de importações pelos Estados Unidos após a independência, e pela URSS, depois da Revolução de Outubro de 1917, o mundo sabe: não existem nações dignas desse nome que consigam responder a questões como para onde avançar, como avançar, quando avançar, sem a ajuda da engenharia.
Como fez Juscelino Kubitschek, por exemplo, com o binômio “Energia e Transporte” e seus “50 anos em 5”, e os governos militares que — embora o tivessem combatido e perseguido em várias ocasiões — o seguiram na adoção do planejamento como instrumento de administração pública e no apoio a grandes empresas brasileiras para a implementação de grandes projetos nacionais.
Empresas e grupos que estão sendo destruídos, agora, pelo ódio, a pressão e a calúnia, como se tivessem sido atingidos por uma devastadora bomba de nêutrons.
Com a maior parte de seus executivos presos em algum momento, as maiores empreiteiras do país foram levadas a avalizar a transformação de doações legais de campanha e de caixa dois em propina — retroativamente, nos últimos três anos.
A aceitar, na ausência de provas cabais de pagamentos de corrupção na escala bilionária apresentada pela imprensa e aventada pelo Ministério Público a todo momento, a imposição de multas punitivas “civis” a título de nebulosas “indenizações por danos morais coletivos” da ordem estratosférica de bilhões de dólares.
A render-se a discutíveis acordos de delação premiada impostos por uma operação que já acarretou para o país — com a desculpa do combate à corrupção — R$ 140 bilhões em prejuízo, a demissão milhares de trabalhadores, a interrupção de dezenas de projetos na área de energia, indústria naval, infraestrutura e defesa, a quebra de milhares de acionistas, investidores e fornecedores.
Diante de tudo isso, não podemos fazer mais do que comunicar o falecimento da engenharia brasileira, famosa por ter erguido obras pelo mundo inteiro, de rodovias no deserto mauritaniano a ferrovias e sistemas de irrigação no Iraque; passando pela perfuração de galerias e túneis sob as montanhas dos Andes; pelo desenvolvimento de sistemas de resfriamento contínuo de concreto para a construção de Itaipu; ou pela edificação de enormes hidrelétricas na África Subsaariana.
A engenharia nacional está perecendo.
Foi ferida de morte por um sistema judiciário que pretende condenar, a priori, qualquer contato entre empresas privadas e o setor público, e desenvolveu uma Jurisprudência da Destruição de caráter descaradamente político, que não concebe punir corruptos sem destruir grandes empresas, desempregar milhares de pais de família, interromper e destroçar dezenas de projetos estratégicos.
Um sistema judiciário que acredita que deve punir, implacável e estupidamente, não apenas as pessoas físicas, mas também as jurídicas, não interessando se esses grupos possuem tecnologia e conhecimento estratégicos, desenvolvidos ao longo de anos de experiência e aprendizado, se estão envolvidos em projetos vitais para o desenvolvimento e a segurança nacional, se deles dependem, para sobreviver, milhões de brasileiros.
A engenharia brasileira faleceu, com seus escritórios de detalhamento de projetos, suas fábricas de bens de capital, seus estaleiros de montagem de navios e plataformas de petróleo fechados, suas linhas de crédito encarecidas ou cortadas, seus ativos vendidos na bacia das almas e seus canteiros de obras abandonados.
E o seu sepultamento está marcado para algum momento de 2017.
Será sacrificada no altar da estúpida manipulação midiática de factoides econômicos, com atitudes desastrosas como a antecipação suicida pelo BNDES — em plena recessão — do pagamento de R$ 100 bilhões ao Tesouro.
Um dinheiro que poderia ser imediatamente aplicado em infraestrutura, vai em troca de uma insignificante, irrelevante, pouco mais que simbólica redução de 1% na dívida pública, quando, sem fazer alarde, os dois últimos governos reduziram a Dívida Nacional Bruta de 80% em 2002 para 67% em 2015, e a Dívida Líquida de 60% para 35% no mesmo período, pagando US$ 40 bilhões devidos ao FMI, e economizando mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais nos anos seguintes.
A engenharia brasileira será sepultada, ou cremada, porque não pode mais sobreviver, a longo prazo, em um país que aceitou aumentar os gastos públicos apenas pelo índice de inflação do ano anterior, durante os próximos 20 anos, engessando estrategicamente o seu desenvolvimento, com uma imbecil e limitante camisa de força, enquanto outros países e regiões, como os Estados Unidos e a Europa, muito mais endividados — e desenvolvidos — do que nós, continuarão a se endividar, a se desenvolver e a se armar cada vez mais, já que seu discurso neoliberal e ortodoxo só serve para enganar e controlar trouxas de terceira categoria como os nossos, e quase nunca é aplicado no caso deles mesmos.
Esse hipócrita discurso para trouxas não é apenas econômico, mas também jurídico. E nesse caso, gera ganhos reais, que vão além da eliminação ou diminuição da concorrência de potenciais competidores em campos como o da engenharia.
Da estratégia geopolítica das nações mais poderosas do mundo, não faz parte apenas fortalecer permanentemente a sua própria engenharia e suas maiores empresas, mas, também, sabotar as empresas e a engenharia de outros países, usando desculpas de diferentes matizes, que são repetidas e multiplicadas pela mídia sabuja e babosa desses mesmos lugares.
Não é outra coisa o que os Estados Unidos fazem por meio de órgãos como o Departamento de Justiça e de iniciativas como o próprio Foreign Corrupt Practices Act, sob o manto do combate à corrupção e da proteção da concorrência.
Leniente com suas próprias companhias, que não pagam mais do que algumas dezenas de milhões de dólares em multa, os Estados Unidos costumam ser muito mais duros com as empresas estrangeiras.
Tanto é que da lista de maiores punições de empresas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos por corrupção em terceiros países — incluídos alguns como Rússia, que os Estados Unidos não querem que avancem com apoio de grupos europeus como a Siemens — não consta nenhuma grande empresa norte-americana de caráter estratégico.
A Lockheed Martin e a Halliburton, por exemplo, pagaram apenas uma fração do que está sendo imposto como punição, agora, à Odebrecht brasileira, responsável pela construção do nosso submarino atômico e do míssil ar-ar da Aeronáutica, entre outros projetos, que deverá desembolsar, junto com a sua subsidiária Braskem, uma multa de mais de R$ 7 bilhões, a mais alta já estabelecida pelo órgão regulador norte-americano contra uma empresa norte-americana ou estrangeira.

Xadrez do Hommer Simpson e do desmonte nacional

Nos últimos dias tive dois contatos marcantes. Um deles, com um autêntico representante da ultradireita delirante. Outro, com um representante típico do Homer Simpson.
Vamos por parte.
Fomos apresentados à direita delirante por um amigo gozador, que juntou os três casais em uma feijoada. O sujeito era oftalmologista, estudara nos Estados Unidos, em uma universidade da qual não me recordo o nome, mas, segundo ele,  muito mais afamada que Harvard, tinha sido convidado a trabalhar em um órgão do governo norte-americano, muito importante, e do qual não me recordo o nome, e cometeu outros feitos expressivos, dos quais não me recordo a relevância.
Ele se informa em sites de ultra-direita, não confia em nada do que sai na imprensa e acredita em tudo o que lhe dizem seus pares.
Quando elogiou minha origem libanesa, por ser uma raça pura, percebi que a conversa ia ser marcante. 
Ele é contra todas as raças impuras, diz que Donald Trump vai colocar as coisas nos eixos (sem jogo de palavras). Garantiu, sem pestanejar, que Michele Obama é transexual; que Barack Obama não é Barack Obama, mas um sujeito que se faz passar por Barack Obama. Trata os negros como macacos. E me passou a mais retumbante das revelações que, segundo ele, tem sido sonegada por toda a imprensa ocidental. Aliás, apostou comigo como não conseguiria publicar nem no meu blog a relevante informação de que não há mais peixes no Oceano Pacífico.E não adiantou argumentar que desastre desse tamanho não seria sonegado nem pelo Estadão, mesmo se fosse de responsabilidade do PSDB.
Pulemos para o simpático Homer Simpson, que me aborda no boteco de Poços.
Diz que os problemas no Brasil surgiram com o porto de Mariel, em Cuba. Levaram para lá todos nossos empregos e nossas divisas.
Tento explicar que a construção do porto envolve inúmeros materiais e equipamentos fabricados no Brasil, contratos com indústria mecânica, siderúrgica e muitas outras. Portanto, gerou muitos empregos no Brasil.
E ele: mas o dinheiro foi para fora.
Explico que não, que a obra será paga e os lucros reverterão para o Brasil, através da empresa construtora. 
E ele: não sei não. 
Pacientemente explico que se trata de exportação de serviço praticada por todas as nações, pela China, pelos Estados Unidos. Se não fosse bom, porque os grandes países disputariam mercado?
E ele, com a segurança de um procurador da Lava Jato: “Pode ser bom para a China e Estados Unidos, mas não para o Brasil”.
Aí desisto e, como no começo da conversa ele se apresentou como astrólogo amador, interrompo a conversa com minha saída favorita:
-- Eu não ouso discutir astrologia com você.
Ele entendeu, se despediu e foi embora. Educadamente, saliento.
O fenômeno da desinformação
Nos dois casos, a conversa – embora surreal – foi em bases relativamente educadas. No caso do direitoso, um conteúdo de uma violência extrema, mas dito socialmente em uma “conversa de brancos”. No Hommer Simpson, um senhor simpático, boa gente mesmo.
Mas o novo normal é a grosseria, o sujeito tratar sua opinião como um bem de raiz, dedicando a ela o mesmo cuidado obsessivo com que cuida das suas posses, seja o carro velho ou a casa a beira-mar. E reagindo agressivamente contra qualquer tentativa de tirá-lo da comodidade das suas verdades estabelecidas.
Na convivência social, um dos primeiros fatores de contenção é o conjunto de regras sociais  consolidadas que impõe um padrão de sociabilidade do restaurante granfino, ao boteco de família, da missa ao estatuto da gafieira.
Cada ambiente tem seu conjunto de regras e seus limites. O machismo e a homofobia estão restritos a ambientes machistas, onde é de mau tom defender transexuais. Mas, se saíssem fora da jaula, seriam coibidos por olhares de reprovação. Nos botecos, as mesas separavam os grupos por afinidade de opinião. Mas não havia interferência nas conversas, mesmo por parte de quem ouvisse e reprovasse.
Nos ambientes públicos, não era de bom tom o preconceito, a intolerância. Uma pitada de esquerda social dava até status intelectual. E havia um respeito (muitas vezes excessivo) pelo conhecimento técnico.
Todas essas barreiras caíram. Hoje em dia, a norma é a grosseria, a opinião fechada, intransponível como a muralha chinesa, em torno do senso comum mais primário ou da piração mais louca, como comprovaram meus dois interlocutores.
Quais os fatores que levaram o mundo a essa balbúrdia?
Os fatores de confusão
Há um conjunto de fatores muito similar ao que conduziu o Ocidente de fins do século 19 até a 2a Guerra:
Uma fase de grandes avanços científicos e tecnológicos que não resultaram em melhoria da condição de vida das populações, levando à descrença em relação ao pensamento científico, especialmente dos economistas.
Um financismo desvairado impedindo a consolidação das economias periféricas.
Dissolução de estados nacionais, guerras internas, promovendo gigantescos movimentos migratórios.
Os imigrantes promovendo terremotos nas estruturas sociais estratificadas das nações hospedeiras, com novos valores, novas informações, novas maneiras de encarar a vida.
O aparecimento de novos meios de comunicação, implodindo a ordem que repousava nos sistemas tradicionais de mídia.
A falência dos sistemas tradicionais arcaicos de política.
A crise atual decorre de uma soma similar de fatores:
Fator 1 – a falência do conhecimento científico
A crise de 2008 não apenas matou a ilusão do neoliberalismo como fator de promoção de desenvolvimento e bem estar. Levou junto a respeitabilidade do conhecimento científico junto ao público leigo, da mesma maneira que o atual estado de exceção está desmoralizando o conhecimento jurídico.
A expansão do neoliberalismo, da ampla desregulação financeira, foi fundada na adesão acrítica e interessada de vastos setores da academia, especialmente dos economistas – conforme atestam documentários produzidos depois da crise nos Estados Unidos. Literalmente, o mercado comprou a opinião da Academia.
O padrão de atuação do mercado, de braços dados com a mídia, sempre foi a de construir reputações de seus vendedores. Alçados à condição de celebridades, ajudavam na venda de produtos ou de ideias de seus empregadores.
Nas discussões sobre a desregulação da economia, por exemplo, economistas medíocres, repetidores de slogans, eram alçados pela mídia à condição de grandes gurus da economia. Para o universo dos Hommers Simpsons, um Mailson valia mais que um Paul Krugman.
Do mesmo modo, no apogeu da Nasdaq (a bolsa das empresas de tecnologia) os bancos de investimento fabricavam gurus a torto e a direito, fornecendo palpites para a manada.
O auge foi quando a Goldman Sachs recomendou a compra de ações da Microsoft logo após a União Europeia tê-la condenado por práticas monopolistas. O ganho do investidor não está em investir no tamanho da empresa, mas em sua expectativa de crescimento. Aquele episódio, mais a estabilização do mercado de desktops, decretava o fim do crescimento exponencial histórico da empresa, registrado em um período de amplo domínio do Windows. 
Para manter o mesmo ritmo de crescimento, teria que competir com os japoneses em games, com a Oracle em bancos de dados, com as novíssimas redes sociais que surgiam.
Era apenas uma jogada do banco. Ao perceber que as ações da empresa não tinham mais atração, preparou o mercado para poder desovar seus estoques de ações a um bom preço. E os gurus fabricados pela mídia norte-americana ajudaram no jogo.
Para tudo isso serviam os gurus. E toda  essa catedral de papelão veio abaixo com a crise de 2008. Menos em países intelectualmente subdesenvolvidos, onde um economista pode virar gênio sem publicar um trabalho acadêmico que preste..
Fator 2 – a implosão das regras sociais
No início das redes sociais, perdi uma aposta para o neurologista Danielle de Riva. Eu acreditava que a Internet e as redes sociais permitiriam a construção coletiva do conhecimento, com a informação libertando. Cético, De Riva apostava que liberaria todas as taras, com a formação de grupos de doenças sociais variadas, de pedófilos a terroristas.
Ganhou.
As redes sociais aboliram as barreiras naturais dos ambientes sociais presenciais. Agora, o sujeito pode entrar em qualquer ambiente virtual sem ser apresentado, sem os constrangimentos naturais, as regras sociais consolidadas  nos contatos presenciais, dando vazão aos seus instintos mais primários. Liberou geral.
Mais que isso, o espírito animalesco passou a encontrar assemelhados e a se organizar em alcateias, compartilhando as piores intenções e os piores sentimentos. Saíram do armário, nus e peludos como os homens da caverna, despidos de todo o verniz social e todos os princípios civilizatórios acumulados em séculos de civilização.
Do virtual para a contaminação do presencial foi um pulo.
Fator 3 – a opinião leiga
Essas hordas partiram para a guerra armados de slogans primários, mas de alta eficiência.
No trabalho seminal de 1962, em que previu todos os passos do golpe, Wanderley Guilherme dos Santos analisou o discurso da direita, na época praticado por Carlos Lacerda. Apesar do primarismo da análise, ironizada pelos acadêmicos, Wanderley anotava sua enorme eficácia junto às massas leigas. As massas – à esquerda ou à direita – são sensibilizadas por frases simples, slogans falsos como são as verdades definitivas que cabem em uma frase.
Lembro, com 13 anos de idade, influenciado pelo meu avô udenista, enfrentando frei Josaphat, do jornal Brasil Urgente, em um debate em Poços de Caldas:
-- Que governo é esse que impede a greve dos bagrinhos em Santos, em defesa da sua sindicalização?, bradei, com uma frase retirada diretamente da revista Ação Democrática.
E o frei, com a mesma impaciência que eu tive com o Hommer Simpsons:
-- Meu anjinho, você é muito novo para entender dessas questões.
O slogan disseminado pela revista armava de um menino de 13 anos a um adulto para participar de um debate ideológico – mesmo não tendo o menor conhecimento sobre o contexto discutido.
Dia desses, um conhecido, cientista social, contava o que se passou nos seus encontros familiares. De repente parentes que nunca se pronunciavam, por seu escasso conhecimento de temas políticos, passaram a entrar vigorosamente na discussão com argumentos similares ao do meu amigo Hommer Simpson. Construiu-se um verdadeiro manual da idiotia, conferindo a cada Hommer um tacape para utilizar em qualquer discussão.
A utilização da pós-verdade
Nesse ambiente intelectualmente rarefeito, o discurso político da direita passou a visar o órgão mais sensível do Hommer Simpson: o fígado.
'
É o ambiente ideal para o uso do preconceito, a disseminação da vingança, as bandeiras moralistas, o atropelo de todo o avanço jurídico, retomando os princípios da Lei de Talião e do estado de exceção – sob a aprovação dos humanistas de butique, como o Ministro Luís Roberto Barroso e o jurista Oscar Vilhena, agora convertidos em arautos do direito penal do inimigo.
Quando esse desastre recai sobre nações institucionalmente pobres, em que os valores civilizatórios dependem de uma mídia venal, da erudição vazia e descompromissada de juristas, de um parlamento vergonhoso, de partidos políticos não-programáticos, dá no que deu.
Não se imagine que o fundo do poço está à vista. A fragilidade institucional brasileira, a mediocridade de suas elites pensantes – à direita e à esquerda -, a ausência mínima de noção de soberania, de interesse nacional, de solidariedade nacional, sugerem que o desmonte nacional pode não ter fundo.


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Nassif, eu lembro que uma vez

Nassif, eu lembro que uma vez vc fez um comentário, quando do lançamento de seu livro "Os Cabeças de Planilha"; de que o Brasil (talvez o mundo) estava em um período que lembrava os anos 20 do século XX, uma época com desregulação financeira, financeirização, corte de direitos, etc.
Com uma crise econômica de rachar o cano, virando uma depressão econômica
Agora parece (não sou cientista político, sou um simpls engenheiro) que há o crescimento de movimentos fascistas
E esse mêle acabou em uma guerra mundial
Seus xadrezes antes me assustavam, agora me apavoram

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Exclusivo: Nicolelis alerta para as crises política e da razão humana

Neurocientista avalia crise política, papel do Estado como indutor da ciência, o imperialismo norte-americano na internet e os efeitos do cyber mundo sobre a capacidade de reflexão
Jornal GGN - Na Sala de Visitas com Luis Nassif, uma entrevista exclusiva com o neurocientista Miguel Nicolelis.
No início dos anos 2000, Nicolelis foi listado entre os vinte maiores cientistas do mundo, pela revista "Scientific American". O brasileiro foi responsável pela descoberta do sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por sinais cerebrais. Em 2014, a revista The Verge (premiada cinco vezes pela International Academy of Digital Arts and Sciences) apontou o achado da equipe de Nicolelis entre os maiores destaques cientificos daquele ano, retratando o neurocientista entre as 50 personalidades mundiais. 
Nicolelis recebeu nossa equipe na sede do Projeto Andar de Novo, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Durante a entrevista, que durou um pouco mais de 50 minutos, ele falou do projeto educacional que incentiva a produção científica de crianças na periferia de Natal, tocado pelo Instituto Internacional de Neurociências - Edmond e Lily Safra (IINN), avaliou o desenvolvimento no Brasil, elogiando o programa Ciências Sem Fronteiras e seu impacto na auto estima de estudantes brasileiros que encontrou em outros países, além da necessidade de uma política pública de descentralização da ciência e tecnologia no país, hoje concentrada na região Sudeste.
Num segundo momento, Nicolelis contou o início da sua carreira, nos Estados Unidos, abordou a dificuldade de desenvolver ciência no Brasil, e o importante papel do Estado na promoção de conhecimento, lembrando que o governo norte-americano investe cerca de 5% do Produto Interno Bruto anual em ciência.
O neurocientista avaliou, ainda, a forma como a mídia nacional desvaloriza os avanços brasileiros, com destaque para a pífia cobertura do funcionamento do exoesqueleto em um paciente há dez anos paraplégico, durante a abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. "O governo japonês nos chamou para repetir a nossa demonstração nas Olimpíadas de Tóquio, já criaram um comitê para ter uma demonstração de robótica nos mesmos termos que o nosso, com todo apoio da sociedade japonesa", rebateu.
O pesquisador enxerga com preocupação o desmonte recente da indústria nacional, decorrente da crise política, criticando fortemente a desvalorização da Petrobras, que deveria ter seus ativos protegidos, e não vendidos, como está ocorrendo por conta dos desdobramentos da Operação Lava Jato. 
Por fim, Nicolelis entrou na sua área de conhecimento, sobre o potencial intuitivo do cérebro humano, condição que jamais um computador será capaz de emular, porém ressaltou a preocupação do fenômeno de sincronização de pensamentos, por conta do uso cada vez mais constante da internet e redes sociais. Esse novo modelo de comunicação, rápido o suficiente para acompanhar o funcionamento cerebral, estaria trazendo prejuízos à capacidade de reflexão dos indivíduos, lembrando que, na obra "Understanding Media", dos anos 1960, o teórico da comunicação, Marshall Mcluhan, já alertava para isso.
“Ele previu que os grupamentos sociais iam começar a fragmentar a sociedade, porque os grupos de interesse iam começar a se auto referenciar no momento em que houvesse um meio de mídia capaz de ser rápido o suficiente para sincronizar as pessoas na ordem da magnitude de funcionamento do cérebro”. 
O cientista indicou, também, que o imperialismo norte-americano continua atuante, agora em movimentos cibernéticos, com alcance sobre vidas e mentes sem precedentes na história da humanidade. 
O Instituto de Neurociência em Natal-RN 0:15
O modelo educacional do Instituto de Neurociência 04:09
Como o instituto conseguiu atrair cientistas 10:17
O impacto do Ciências Sem Fronteiras na auto estima do estudante brasileiro 12:12
Descentralização da ciência no Brasil 16:06
Carreira nos Estados Unidos 17:58
Ciência no Brasil 20:39
O exoesqueleto na Copa de 2014 25:18
Crise brasileira e o desmonte industrial 26:14
Cérebro humano e intuição 31:54
Sincronização de cérebros e a fragmentação social - Black Mirror 35:03
Imperialismo norte-americano e a vitória de Trump 42:51


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

por Conceição Lemes
Na última quarta-feira (21/12), a Petrobras fechou um acordo com a petroleira francesa Total estimado em US$ 2,2 bilhões.
Ele prevê a cessão à Total dos direitos de exploração destas áreas do pré-sal: 22,5% do campo de Yara e 35% do campo de Lapa, que começou a operar no dia anterior na Bacia de Santos.
O acordo envolve ainda compartilhamento de terminal de regaseificação e transferência de fatias em térmicas, entre outros negócios.
Para a imprensa francesa, a Total fez um bom negócio com a Petrobras.
Les Echoes (tradicional diário francês de economia) destaca (o negrito é nosso):
Esses campos “guardam reservas gigantescas de petróleo e o valor pago foi interessante.
(…) as reservas do grupo francês serão acrescidas de 1 bilhão de barris, a um custo estimado entre US$ 1,75 e US$ 2,4 o barril. Nas reservas adquiridas anteriormente pela companhia, o preço do barril custou US$ 2,55.
Radio France Internationale, também conhecida como RFI, em matéria transmitida para o mundo inteiro na sexta-feira, 23 de dezembro , conclui:
“a Total pagou pouco em relação ao que vai lucrar extraindo o petróleo brasileiro”.
A RFI é uma rádio pública francesa, com sede em Paris.
Viomundo conversou com João Antônio de Moraes, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), sobre essa repercussão.
Viomundo – O que achou da avaliação da imprensa francesa?
João Antonio de Moraes — Só confirma o que a FUP e os movimentos sociais veem denunciando há bastante tempo. A gestão Pedro Parente-Michel Temer está entregando nossas reservas de petróleo a preço vil.
Veja bem. É a imprensa francesa assumindo que a França está levando grande vantagem em cima do Brasil ao se apossar de nossas reservas de petróleo a um preço muito aquém do mercado internacional.
Viomundo – O que significa esse acordo com Total?
João Antônio de Moraes – Perda de soberania energética. Ele fere a nossa soberania energética, independentemente do preço.
E, mais uma vez, confirma que o golpe, longe de ser para combater a corrupção, veio para entregar as riquezas do nosso povo e liquidar os direitos trabalhistas. A questão energia também estava no centro dos golpes contra Getúlio Vargas e João Goulart.
Viomundo – Explique melhor.
João Antônio de Moraes – Nos anos 50, houve uma tentativa de golpe contra o presidente Getúlio Vargas. Foi logo após a criação da Petrobras.
Já João Goulart, depois de tomar posse, havia dito que iria nacionalizar as refinarias de petróleo. Na sequência, ele foi vítima de um golpe. E a exemplo desses dois golpes, o contra a presidenta Dilma veio para entregar as nossas riquezas.
Viomundo – Supondo que o preço fosse justo, valeria a pena vender esses ativos à Total?
João Antônio de Moares – Ainda assim seria ruim para o Brasil, pois o país perderia controle sobre reservas extremamente estratégicas. As áreas sob o controle da Petrobras garantem o abastecimento do Brasil. Já sob o controle da Total garantem o abastecimento da França.
Viomundo – O que fazer?
João Antônio de Moraes — Mais do lamentar, a gente tem que lutar e resistir para impedir que essa situação continue. E nisso os blogs da imprensa alternativa, progressista, como o Viomundo, têm um papel importante em divulgar o que a grande mídia esconde todos os dias.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

 Globo trata você como um idiota
enviado por Sergio Luiz Bezerra, via Facebook
O Jornal da Desgraça Nacional começou a campanha para doutrinar os brasileiros sobre a necessidade da reforma nas leis trabalhistas.
Logicamente, para impressionar, decidiu fazer a comparação entre as leis aplicadas nos EUA e aqui.
Entretanto, vamos pensar, questionar e colocar na ponta do lápis.
A dinâmica econômica americana é igual à brasileira?
O salário mínimo nos EUA é de U$ 7,25 por hora, equivalentes a R$ 23,70.
O salário mínimo no Brasil é de R$ 5,00 por hora, equivalentes a U$ 1,53.
44 horas por semana de trabalho nos EUA representam R$ 1.042,80.
44 horas por semana de trabalho no Brasil representam R$ 220,00.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador americano ganha R$ 4.171,20.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador brasileiro ganha R$ 880,00.
O salário mínimo nos EUA é a base, sendo pago para as funções mais comuns e que não exigem muita qualificação. Dificilmente o trabalhador americano ganha apenas isso.
O salário mínimo no Brasil é a base, mas grande parte das empresas utiliza essa base como teto, ou acrescenta uma pequena diferença — é o Piso da Categoria.
O trabalhador americano ganha em média 4,7 vezes mais que o trabalhador brasileiro.
O trabalhador brasileiro ganha em média apenas 20,4% do que ganha um trabalhador americano.
A economia americana é baseada no consumo, que gera produção, desenvolvimento e emprego.
A economia brasileira é baseada na especulação, que gera recessão, juros, queda no consumo e desemprego.
O empresariado americano também explora o trabalhador, mas esse tem poder de compra.
O empresariado brasileiro explora o trabalhador e a grande maioria desses trabalhadores possui poder de compra apenas para subsistência.
A renda média familiar anual nos EUA para uma casa com quatro pessoas é de U$  51.939,00, equivalentes a R$ 169.840,53 (dados de 2013, pela cotação do dólar de hoje).
A renda média familiar anual no Brasil para uma casa com quatro pessoas é de R$ 53.424,00, equivalentes a U$ 16.337,61 (dados de 2015, pela cotação do dólar de hoje).
Sendo assim, não somos os EUA. Nosso poder de compra, consumo e dinâmica econômicas não são iguais e os EUA não devem ser tomados como referência comparativa.
A proposta para a reforma das leis trabalhistas só tem por finalidade ampliar ainda mais as diferenças sociais no Brasil.
Ou você realmente acredita que o empresariado irá usar essa nova lei para gerar empregos e renda para os brasileiros?
Pense ou morra escravo e acreditando na TV.