sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Hoje, às 14h, realizará coletiva de imprensa, para se manifestar sobre a crise institucional que se instalou por conta da possível nomeação da candidata derrotada nas eleições para a presidência da Fiocruz.
Estarão presentes o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e diretores de unidades técnico-científicas da fundação.
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Respeite a Democracia na Fiocruz
 por Ana Maria Costa, especial para o Viomundo
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição que nos orgulha pela excelência de trabalho nos campos da pesquisa, ensino e tecnologia em saúde.
Há 25 anos a Fiocruz elege seus dirigentes e com isso confere legitimidade e sintonia a um projeto que engrandece e ajuda na soberania do Brasil.
Neste 30 de dezembro de 2016, amanhecemos com a amarga notícia de que o governo ilegítimo, usurpador, golpista, irá nomear a candidata derrotada à presidência da Fiocruz.
Demonstração inequívoca de que o golpe de 2016 à nossa democracia chegou agora à Fiocruz.
Há dois meses, Nísia Trindade foi eleita para presidir a instituição.
Hoje, soubemos que o cargo democraticamente conquistado por Nísia será ocupado pela candidata derrotada no processo eleitoral.
Não acreditamos que uma pesquisadora e acadêmica do porte de Tania tenha se aliado aos golpistas.
Ainda esperamos que, de forma digna e democrática, Tania decline desta designação.
Lamentavelmente, a informação que circula no meio é de que a derrotada trabalhou bastante por essa nomeação, mesmo contra a vontade da maioria dos eleitores.
Só um posicionamento ético, comprometido e democrático de Tania Araújo Jorge poderá desfazer esta nefasta apreciação da comunidade da Fiocruz.
Mas, afinal, o que pode estar em jogo além do profundo desrespeito à democracia ao processo interno da Fiocruz, que é um golpe contra a instituição?
De um lado, o precedente criado por essa arbitrariedade praticada contra a Fiocruz fere a   autonomia universitária conquistada por nossas instituições de ensino e pesquisa .
De outro lado, e não menos importante, os possíveis acordos quanto ao próprio papel almejado para a Fiocruz no bojo da política setorial pretendida pelo atual governo.
A Fiocruz tem tido um papel estratégico na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tanto como formadora de recursos humanos como na produção de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Por conta disso, o Brasil tem suficiência de insumos estratégicos em saúde, condição essencial para a soberania e sobrevivência do projeto universalista constitucional definido para a saúde.
Mas as evidências recentes demonstradas no discurso e nas práticas do atual governo não convergem para a consolidação do SUS como sistema universal, integral e de qualidade.
O dramático momento vivido pelo projeto político desenhado para o país expõe a vulnerabilidade  dos princípios do SUS.
Nesse cenário já se falou que a Fiocruz deve voltar-se para o mercado, abandonando sua vocação de produtora de serviços e insumos para o setor publico da saúde.
Difícil acreditar que alguém que fez carreira na instituição, como é o caso de Tania, possa concordar  com o projeto do governo de subverter a missão da Fiocruz  diante da sociedade nacional.
Apenas alguém legitimamente eleito poderia estabelecer um contraponto que mantenha e fortaleça sua vocação institucional.
Adotar a contramão da tradição democrática da Fiocruz construída desde a redemocratização do país desmonta a fortaleza que conduziu a Fiocruz a se tornar o que é hoje: uma instituição virtuosamente nacional e comprometida com a ciência, tecnologia e a saúde pública.
Um orgulho nacional.
Não sobram dúvidas de que estamos diante da ruptura de todas as nossas instituições democráticas. A caixa de Pandora está dilacerada e o País mergulha em incertezas  e obscuridade.
Ana Maria Costa é diretora do Cebes e professora de Medicina da ESCS/DF (Escola Superior de Ciências da Saúde,do Distrito Federal). 

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