Tomazo Garzia Neto: Enquanto China e Coreia apoiam setor naval com dinheiro público, Brasil discute rever lei do conteúdo local!
24 de novembro de 2016 às 08h20
Da Redação
O setor naval está em crise em todo o mundo. Primeiro, por causa da retração econômica generalizada. Depois, por causa da queda do preço de petróleo, com o adiamento ou a suspensão de planos e projetos de investimento para buscar petróleo em alto mar.
No Brasil, a crise foi agravada pelas consequências da Operação Lava Jato, que aprofundaram as dificuldades para conseguir crédito.
No setor de engenharia de projetos, no qual o Brasil é autossuficiente, a crise implicou em cerca de 5 mil demissões, de acordo com o engenheiro Tomazo Garzia Neto, presidente da Projemar. Ele participou, no Rio, do evento promovido pelo Clube de Engenharia para debater a Petrobras e o pré-sal.
Em sua fala, Tomazo menciona a Iesa, do Grupo Inepar, a UTC, a Sete Brasil e a própria Odebrecht — todas atingidas direta ou indiretamente pelas investigações e pela megapublicidade das ações da Lava Jato.
O que chama a atenção na palestra de Tomazo é a diferença com que os governos enfrentam a situação. Na Coreia, segundo ele, o governo pretende encomendar 250 navios a estaleiros locais e investir U$ 1 bi. China, Japão, França e Singapura também atuam para reforçar ou salvar o que sobrou do setor.
Enquanto isso, diz ele, no Brasil o debate é sobre a redução da exigência de conteúdo local nas encomendas da Petrobras. Em busca de garantir lucros dos acionistas acima de tudo, a própria estatal decidiu fazer grandes encomendas no Exterior.
O grande risco é que todo o saber desenvolvido por empresas locais, antes e durante a descoberta do pré-sal, agora seja simplesmente transferido para empresas que gerem lucros e empregos fora do Brasil.
Não é por acaso que Tomazo inicia sua palestra com a famosa frase de Ivan Lessa: “A cada quinze anos, o Brasil esquece os últimos 15 anos”.
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