segunda-feira, 3 de abril de 2017

Depois de ajudar a tocar fogo no Brasil, irmã de Aécio pergunta: Por que tanto ódio?

02 de abril de 2017 às 12h32

  
Vídeo compartilhado pelo Diário do Centro do Mundo
— Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político. Eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinadas por esse grupo político que aí está. Aécio Neves, depois de perder a eleição em 2014 e turbinar a campanha para derrubar a vencedora
Da Redação
Para os leitores da Veja, é novidade. Mas quem acompanha o Viomundo sabe que fizemos a mais longa e profunda cobertura sobre as falcatruas de Aécio Neves em Minas Gerais. Ouvimos o delator tucano Nilton Monteiro, que conviveu nos bastidores do partido; e Marco Aurélio Carone, jornalista que foi preso por denunciar a família Neves.
As jornalistas Conceição Lemes e Lúcia Rodrigues fizeram extensas reportagens investigativas. Visitamos com exclusividade um dos aeroportos mandados construir por Aécio em Montezuma, no norte do Estado, pertinho das terras da família.
Mas, agora que a Veja tocou no assunto… até parece novidade.
O senador Aécio Neves é o terceiro grão-tucano a cair na teia de delações da Odebrecht — e em relação aos seus antecessores, José Serra e Geraldo Alckmin, é seguro dizer que sua situação é um pouco pior. E pode se complicar ainda mais.
VEJA teve acesso com exclusividade ao conteúdo da delação do ex-­pre­sidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Junior, um dos 78 executivos da empreiteira a firmar acordo de delação com a Justiça.
Em seu depoimento, BJ, como é conhecido, afirmou que a construtora baiana fez depósitos para Aécio em conta sediada em Nova York operada por sua irmã e braço-direito, a jornalista Andrea Neves.
De acordo com BJ, os valores foram pagos como “contrapartida” — essa é a expressão usada na delação — ao atendimento de interesses da construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo mineiro, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Estado de Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica.
VEJA confirmou a denúncia de BJ com três fontes distintas, todas elas ligadas ao processo de delação organizado pela Odebrecht. As fontes pediram o anonimato porque não estão autorizadas a fazer revelações sobre as delações e temem algum tipo de represália ou censura.
Os três depoimentos colhidos por VEJA confirmam a natureza da denúncia: depósitos de “contrapartida” feitos em conta bancária em Nova York operada por Andrea.
A jornalista Andrea Neves, 58 anos, é irmã do senador e uma das principais conselheiras de Aécio desde as primeiras incursões do mineiro na política, nos anos 1980. Andrea cuida pessoalmente da imagem do irmão e assumiu a área de comunicação do governo de Minas e a interlocução com empresários nas duas gestões do tucano.
Sua atuação a fez temida e respeitada por aliados, e também a colocou em rota de colisão com os opositores de Aécio, que a acusavam de praticar censura ao pressionar veículos de comunicação críticos à gestão do então governador.
A denúncia de BJ é grave e atinge em cheio a imagem de um político que, até outro dia, firmava-se como a principal liderança da oposição ao governo do PT e, com o impeachment de Dilma, tornou-se figura expressiva, embora atuando nos bastidores, no governo de Michel Temer.
Por meio de sua assessoria, Aécio Neves classificou a acusação de “falsa e absurda”. E acrescentou: “Se confirmadas tais declarações — vazadas ilegalmente —, elas precisam necessariamente de comprovação, dada a gravidade de seu conteúdo”.
O senador ainda reclama de que se trata de uma acusação da qual nem tem como se defender, já que vem desacompanhada de detalhes, como o nome do banco ou o número da conta.
Na delação, BJ falou da conta e dos repasses, mas ainda precisa comprovar o que disse.
Suas informações, no entanto, já foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que indica que os investigadores entenderam que precisam ser levadas a sério. Do contrário, teriam sido desprezadas.
BJ era amigo de Aécio e frequentemente era visto jantando com o senador no Rio. Na hierarquia da Odebrecht, já foi o terceiro homem mais importante, tendo presidido a divisão de Infraestrutura da empreiteira.
Depois de Marcelo Odebrecht, presidente e herdeiro da empresa, BJ é o principal delator entre os 78 que fecharam acordo com a Procuradoria-Geral da República.
Com seu status dentro da empresa, BJ tornou-se uma espécie de diretor informal do já famoso “departamento da propina” da Odebrecht, cuja existência só foi descoberta depois que a PF achou, em seu escritório, planilhas com valores associados ao nome de mais de 200 políticos.
Portanto, BJ ocupou cargos e exerceu funções que lhe davam acesso a informações relevantes e sigilosas dentro da empresa. Essa é uma das razões pelas quais o Ministério Público considerou sério o bastante o conjunto da delação do executivo. BJ, que já esteve preso, hoje se encontra em liberdade.
Se BJ comprovar a denúncia em sua delação, a Lava-Jato terá disparado um petardo letal contra o senador tucano, que é um dos políticos mais citados nas denúncias da Odebrecht.
Dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República pediu para abrir com base nas delações da empreiteira, seis se referem a Aécio.
De acordo com o conteúdo das delações, ele é também o político que recebeu uma das mais altas somas da construtora, 70 milhões de reais, considerando-se os pagamentos de 2003 até agora. Esse dinheiro não apareceu nas contas de campanha de Aécio declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral. (Oficialmente, nos registros do TSE, Aécio recebeu 15,9 milhões de reais da Odebrecht em 2014. Nos anos anteriores, não é possível levantar o montante, já que a lei permitia que as doações fossem feitas aos diretórios ligados ao candidato.)
Do total de 70 milhões, 50 milhões foram repassados ao senador depois que a Odebrecht venceu o leilão para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, em dezembro de 2007. A afirmação, que já veio a público, foi feita pelo ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht em depoimento ao TSE, na ação que julga a chapa Dilma-Temer.
Além da Odebrecht, fizeram parte do consórcio vencedor da obra fundos de investimento, a Cemig e Furnas.
Em sua delação, antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo no mês passado e confirmada por VEJA, Marcelo Odebrecht declarou que decidiu repassar os 50 milhões ao tucano porque queria ter uma boa relação com as duas sócias da usina sobre as quais Aécio tinha influência — a Cemig, estatal mineira que na época era controlada pelo tucano, e Furnas.
Não foi a primeira vez que o senador tucano foi apontado como destinatário de propina. Em fevereiro, a Folha publicou que BJ disse, em delação, ter se reunido pessoalmente com Aécio ao menos uma vez para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa.
O objetivo era favorecer as grandes empreiteiras na construção do centro, que custou mais de 2 bilhões de reais. No encontro relatado, o executivo diz que o senador mineiro mandou as construtoras Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão combinar os detalhes do esquema com Oswaldo Borges da Costa Filho, o Oswaldinho, diretor da Cemig e apontado como seu tesoureiro informal.
Em troca, afirmou o delator, ficou acertada uma propina de 2,5% a 3% do valor da obra. Segundo o executivo, o próprio Aécio decidiu quais empresas participariam da empreitada, liderada pela Odebrecht.
Na época, Aécio repudiou o teor do relato de BJ e defendeu o fim do sigilo sobre as delações, afirmando ser “impossível responder a especulações, interpretações ou informações intencionalmente vazadas por fontes não identificadas”.
Abaixo, nossa visita a Montezuma, cidade que não tem hospital para fazer partos mas tem um grande aeroporto abandonado. Coincidentemente, é perto das terras do lado paterno de Aécio e Andrea Neves. O argumento para reformar o aeroporto era fomentar o turismo nas águas termais do município, mas os turistas sempre chegaram de ônibus — isso quando o balneário estava funcionando:
Abaixo, o depoimento do jornalista Marco Aurélio Carone na Câmara. Ele foi preso em Minas por denunciar Aécio Neves:
Abaixo, entrevista completa do delator tucano Nilton Monteiro à repórter Lúcia Rodrigues:
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12 COMENTÁRIOSESCREVER COMENTÁRIO »
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Maria Souza

02/04/2017 - 22h29
Não tem Preço!!! Aqui se faz, aqui se paga…nem um resquício de pena espero que vão pra cadeia…

Elizabeth Pretel

02/04/2017 - 20h42
Não sei não. Isso está parecendo algum tipo de armação. A mídia assim como a justiça brasileira não são confiáveis. Acho que tá mais pra querer “mostrar” que pau que dá em Chico dá em Francisco. O Lula precisa tomar cuidado dia 3 de maio,

Bel

02/04/2017 - 18h14
Sei não, muito estranho a mídia golpista acabar com a lu-a-de-mel com alguns delatados. Estou achando que essas matérias e desmentidos pelos acusados são a verdadeira Ponte para o Futuro. Primeiro acusa, depois livra a cara e passa a imagem que foram injustiçados. Já estão falando que os tucanos estão se reinventando.

robertoAP

02/04/2017 - 17h51
Será que ela perguntou ao maninho também “Porque tanto ódio?”, no dia em que a Dilma foi eleita, quando ele já sugeriu na hora o boicote e o impeachment. Ou quando no debate ele apontou o dedo no nariz da Dilma e disse , “Vou acabar com o PT”. Se fosse comigo, eu teria metido o nariz dele pra dentro, com um direto bem na lata, mas a Dilma foi polida com aquele verme fedorento, que agora só não vai em cana, porque o Juiz? de Curitiba, vai às festas e comemorações junto com ele, e encobre suas falcatruas e trambiques.

marco

02/04/2017 - 17h42
Pois de tudo que esta revista publicou,eu suspeito de tudo.Acho que se trata de algum plano secreto,para distrair incautos.Quanto ao acusado,é LADRÃO DESDE PEQUENINO.Por isso,desconfio que é algum plana,para distrair os incautos.

helbert fagundes

02/04/2017 - 16h13
Boa tarde,
referente ao ódio vcs criaram ele e agora vem com essa, agora senta e aguenta. Como disse o ódio verdadeiro virá com a revolução francesa aqui no Brasil. O ódio vem dos roubos seus por anos do Brasil e querer o povo escravo. Não chore o pouco de lágrimas que tem, guarde para a forca que o povo vai fazer para vocês corruptos e anti Brasil.

helbert fagundes

02/04/2017 - 16h08
Boa tarde,
duas coisas a serem ditas. A primeira é que o ódio vem de vocês e de nossa parte nem começou. Só você lembrar da Revolução francesa, e em segundo vocês são cara de pau de mais, rouba o país e o povo e vem falar de ódio e com choro de crocodilo. Vai se F…

Ronaldo Braga

02/04/2017 - 14h58
Pois é, não é sra. Andrea Neves?
Pimenta no dos outros é referesco!
Guarde essas lágrimas de crocodilo.

Aurora

02/04/2017 - 14h47
Pergunta à Globo, Andrea!

Rachel

02/04/2017 - 14h11
Por que tanto ódio? Porque a gente colhe o que planta. Mas ela nunca deve se dado ao trabalho de saber como é que a comida chega a sua mesa…

Edna Lúcia Ramos

02/04/2017 - 13h42
A hipocrisia esta no DNA dessa familia.

Àlvares de Souza

02/04/2017 - 13h35
Como dizia minha mãezinha, pimenta no fiofó dos outros é refresco! Chupa, irmanzinha, que ainda vem muito mais!

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