Do Sul 21
Jaqueline Silveira
Em agenda de pré-candidato à Presidência nas eleições de 2018, o ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT) está no Rio Grande do Sul para uma série de compromissos até a terça-feira (21). Na tarde desta segunda (20), antes de fazer uma palestra para estudantes no auditório da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele falou com a imprensa e voltou a defender o retorno da presidenta afastada, Dilma Rousseff (PT), ao cargo, embora considere difícil. “Com minha experiência, a probabilidade dela voltar é muito pequena”, acrescentou Ciro. No entanto, o ex-governador disse que “está lutando” para assegurar o mandato de “quem foi posto pelo voto popular.”
Para Ciro, há a possibilidade de cinco senadores mudarem de voto na apreciação do processo de impeachment de Dilma, o que poderia resultar na saída do presidente interino Michel Temer (PMDB), o qual classificou de “golpista, traidor e usurpador do poder.” Se a presidenta reverter o processo no Senado, conforme ele, terá de fazer um governo “completamente diferente.”
Sobre a possibilidade de um plebiscito para antecipação das eleições presidenciais, o presidenciável descartou: “Eu sou intransigente na defesa da legalidade, da Constituição e da inteireza do mandato da presidenta Dilma.” A ideia de realizar eleições ainda este ano, conforme Ciro, é de parte da população brasileira que está em “cima do muro”, chamando essa parcela de “marinismo” numa referência à posição pregada pela também presidenciável Marina Silva (Rede). Há hoje, segundo ele, os que estão do lado da Constituição Federal, os que estão a favor do “golpe” e os que estão “em cima do muro.” “Aí você não quer tomar lado, então inventa essa coisa charmosa de chamar o povo”, completou ele.
PEC das eleições não passaria
Além de ser defensor da prevalência do voto popular, Ciro ressaltou que não acredita que a antecipação de eleições passe na Câmara dos Deputados, já que, embora afastado, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) é “quem dá as cartas” e seriam necessários três quintos dos parlamentares para aprovar uma emenda à Constituição. No Senado, de acordo com ele, a emenda também seria barrada pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), com o auxílio dos senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Romero Jucá (PMDB), trio chamado por ele de “quadrilheiros.” “A chance disso passar é nenhuma”, frisou o ex-governador, enfatizando que são necessários três quintos nas duas casas e com duas votações em cada uma delas. Também, alertou Ciro, Temer, na condição de vice-presidente eleito pelo voto popular, poderia recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e reverter a situação.
Quanto à avaliação do governo interino de Temer, Ciro não foi econômico nas críticas. “É um governo de quadrilha, com poucas exceções”, alfinetou. O presidente interino, segundo o ex-governador, é “o chefe da quadrilha”, completada por Cunha, Renan e Jucá. “É uma aliança para assaltar os cofres públicos”, afirmou ele.
Em relação às denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o pré-candidato à Presidência afirmou que não o considera corrupto, mas, na opinião de Ciro, Lula contribuiu para a corrupção em estatais, a partir de indicações de nomes de partidos que faziam parte da aliança para a governabilidade. Na vida pública, observou ele, não basta “não roubar, não pode deixar roubar.” Apesar das críticas à maior liderança petista, ele não descartou, futuramente, uma aliança com o Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais, acrescentando que “precisará do apoio de todo mundo” num eventual governo. Entretanto, o pedetista defendeu uma “maioria simples” no Congresso e não “uma maioria gigantesca”, que tem, entre outros objetivos, impedir a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
O presidenciável, que estava acompanhado da cúpula gaúcha do PDT, ressaltou que o Brasil precisa de uma política de “Centro Esquerda” e que está elaborando um programa de governo, a partir de discussões com universidades. Ciro descartou a possibilidade de abrir mão da cabeça de chapa e se tornar vice numa aliança: “Nem pensar.”
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