sábado, 1 de outubro de 2016

Jornal GGN – Nos últimos anos, com o acirramento da polarização política no país, o crescimento constante da influência das redes sociais e a organização de grupos com pautas contrárias aos partidos de esquerda e aos movimentos sociais, tem se tornado comum que figuras públicas identificadas com a esquerda virem alvos constantes de ofensas, sejam elas públicas ou através da internet.
 
Um destes casos é o de Isa Penna, candidata a vereadora na cidade de São Paulo pelo PSOL. Advogada e ativista feminista, Penna conta que, desde o início da campanha, os comentários ofensivos já existiam, mas acabaram se tornando cada vez mais frequentes.
 
“A partir de um determinado momento a gente começou a perceber um aumento desses comentários, cada vez mais agressivos, e perceber que eles estavam organizados,  porque quando um comentava, outro comentava embaixo, sabiam quem a gente era, de onde a gente era”, afirma.
A candidata fala que, em uma atividade organizada na PUC-SP com estudantes, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a presença de Ivan Valente, deputado federal e candidato na chapa de Luiza Erundina como vice-prefeito, grupos de direita também apareceram. “Antes mesmo das pessoas chegarem, eles já estavam provocando bastante”, diz.
 
O microfone foi aberto para um dos representantes destes grupos, que fez uma fala "xingando o Ivan [Valente], falando que a esquerda era vândala, assassina", conta Isa. Ao responder, a ativista afirmou que, dentro da construção de uma sociedade com propostas minimamente progressistas, era importante "apontar vocês [direita] como nossos inimigos”.
 
"Eles pegaram esse trecho e editaram, e colocaram para circular nas redes sociais", diz, apontando uma prática recorrente entre os novos grupos à direita que surgiram e se fortaleceram entre as eleições de 2014 e o impeachment de Dilma Rousseff.
 
Em outro episódio, Penna fez um vídeo onde criticava o número de candidaturas de militares registradas nestas eleições, recebendo mais comentários agressivos em sua página. 
 
 
 
 
 
Em 2014, Isa foi candidata a deputada estadual pelo PSOL, e lembra que, na época, a conjuntura política era diferente da vivida atualmente. "Estávamos logo depois das Jornadas de Junho, o sentimento era muito mais de pluralidade e de participação política", conta. "O que acontecia mais eram expressões de machismo. Fui citada em um ranking de candidatas bonitas, ouvia declarações machistas com muito mais frequência".
 
Alguns dos comentários não estão mais disponíveis no Facebook, porém a equipe da candidata salvou imagens das ofensas e ela diz que tomará as medidas cabíveis. "Justamente por ser advogada, eu sei que eu não posso colocar muita fé no Poder Judiciário", afirma. "Mas, assim como eles costumam utilizar todas as armas contra nós, a gente tem que usar todas as armas que a gente tiver contra eles", finaliza.
 
Veja abaixo um dos vídeos que motivaram as ofensas:


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